sábado, 12 de janeiro de 2008

Céu cor de rosa

Criança tem umas coisas engraçadas. Quando eu estava no pré-primário, sei lá, me lembro de um dia, especificamente, em que a professora estimulava as criancinhas – eu entre elas – a dizer todas as cores que o céu podia ter. Enquanto cada um falava, ela escrevia no quadro negro. Todos os azuis foram se acabando, ficaram os cinzas, acabaram-se, falaram do preto, do branco, das cores. A lista ia ficando grande. Eu tinha um trunfo, ia dizer a cor que todos haviam esquecido, que era minha, a cor do céu ao entardecer. Eu levantei o dedo, e esperei pacientemente a minha vez. A professora olhou, apontou para mim e me deu a palavra. E eu disse, bem alto, cheia de certeza: “cor de rosa!”.

Seguiu-se uma gargalhada geral, e eu me encolhi na carteira, encabulada. A professora riu, e disse, com mais certeza ainda: “Não, (madame ç), eu quero que vocês me digam cores que o céu pode ter! O céu não fica cor de rosa.”. Minha voz meio que sumiu, acho que por causa das gargalhadas das outras crianças, e eu desisti de insistir, envergonhada. Um garotinho louro que não vejo há mais de 20 anos, Paulo César, me defendeu. Disse que o céu ficava rosa sim, principalmente em fim de tarde e quando tinha muita poluição, o que era exatamente o caso da cidade siderúrgica onde eu cresci.

Essa história nunca me saiu da memória. E toda vez que eu vejo um céu cor de rosa, eu fotografo.

Tipo esse. E esse.




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