Tudo o que eu quero fazer hoje em dia, paro antes e penso. Vai ter espaço? Espaço no cérebro, me refiro. Porque eu ando tão incrivelmente cheia de coisas na minha cabeça que as associações todas me trazem de volta para janeiro desse ano, quando o meu computador surtou e precisou ser literalmente apagado.
Não é que ele tenha precisado ser apagado porque ele surtou, mas ele já vinha tendo atitudes estranhas há tempos. Eu tentava descompactar o disco e ele se confundia, e ficaria preso pra sempre naquela tela de quadradinhos coloridos, sem nunca terminar a tarefa. Talvez ele seja como a dona, DDA, e ache essa história de descompactar meio chata, e prefira se distrair com coisas menos relevantes e mais divertidas. Porque eu funciono de forma relativamente simples. Se não for divertido, se eu achar que ver sessão da tarde da globo pode ser mais legal, não vai haver nada nesse mundo que me demova da idéia de não produzir. E eu não produzo.
Também não é tão sério assim, apesar de já ter me metido em várias situações bizarras. Eu já fui expulsa de uma aula de balé aos seis anos de idade, a gritos, por um professor espanhol louco, porque enquanto ele tentava explicar como deveria ser o exercício, eu gritava para as outras meninas que todas deveríamos ir para a janela e olhar a “princesa”, cachorra do vizinho. Se isso não for DDA, não sei o que é. Me rendeu uma humilhação terrível, expulsa de sala, da aula de balé. E eu tinha seis anos. Meu computador também não me obedece, e eu vinha atolando-o de assuntos, fotos, downloads, músicas, cookies, e ele não resistiu. Começou a mandar mensagens desconexas e eu achei que bastava instalar um Windows original que ele ficaria bem. E não ficou, e ele precisou ser formatado, e eu perdi todo o meu histórico de e-mails dos últimos 7 anos, e todos os gigas de séries recém baixadas e aguardando atenção.
E então isso me custou muitos dinheiros mesmo, trocamos placa mãe, processador, placa de som, reinstalamos tudo e ele veio assim pra mim, sem memória dos acontecimentos passados, como um bebê, pronto pra ser treinado e programado novamente. Eu exercito o desapego às coisas que se perderam todos os dias. Pra garantir, mandei o nerd da loja de computadores juntar mais 80 giga de memória aos 80 pré-existentes, pra que os novos 160 gigas de espaço me rendessem momentos de pura alegria atolando-o novamente com os arquivos todos. E isso é basicamente o que eu venho fazendo com a minha cabeça, só que sem formatar, sem descompactar, sem limpar a lixeira e sem reinstalar absolutamente nada, nos últimos 27 anos.
E ontem eu vi que o pobre do computador tem pouco mais que 5 gigas livres, e que nova faxina se faz necessária. E meu cérebro vem surtando nas últimas semanas. Eu misturo a matemática aplicada do MBA com episódios de Heroes, palavras e francês e termos técnicos de um monte de coisas. E não tem sobrado muito espaço não. Não tem espaço no cérebro pra, por exemplo, perguntar sobre nada da vida de ninguém. Eu penso assim: eu quero MESMO obter essa informação? O que eu faço com a informação depois que eu tiver ouvido a resposta? Guardo no cérebro? Porque o cérebro anda sobrecarregado, e eu acho que eventualmente ele vai mandar mensagens desconexas. E não vai ter reinstalação que dê jeito. Novas bandas, novos discos, novas séries, novos idiomas. Aniversários, telefones, eventualmente o meu próprio nome será esquecido e eu dependerei da boa vontade de estranhos.
Não é que ele tenha precisado ser apagado porque ele surtou, mas ele já vinha tendo atitudes estranhas há tempos. Eu tentava descompactar o disco e ele se confundia, e ficaria preso pra sempre naquela tela de quadradinhos coloridos, sem nunca terminar a tarefa. Talvez ele seja como a dona, DDA, e ache essa história de descompactar meio chata, e prefira se distrair com coisas menos relevantes e mais divertidas. Porque eu funciono de forma relativamente simples. Se não for divertido, se eu achar que ver sessão da tarde da globo pode ser mais legal, não vai haver nada nesse mundo que me demova da idéia de não produzir. E eu não produzo.
Também não é tão sério assim, apesar de já ter me metido em várias situações bizarras. Eu já fui expulsa de uma aula de balé aos seis anos de idade, a gritos, por um professor espanhol louco, porque enquanto ele tentava explicar como deveria ser o exercício, eu gritava para as outras meninas que todas deveríamos ir para a janela e olhar a “princesa”, cachorra do vizinho. Se isso não for DDA, não sei o que é. Me rendeu uma humilhação terrível, expulsa de sala, da aula de balé. E eu tinha seis anos. Meu computador também não me obedece, e eu vinha atolando-o de assuntos, fotos, downloads, músicas, cookies, e ele não resistiu. Começou a mandar mensagens desconexas e eu achei que bastava instalar um Windows original que ele ficaria bem. E não ficou, e ele precisou ser formatado, e eu perdi todo o meu histórico de e-mails dos últimos 7 anos, e todos os gigas de séries recém baixadas e aguardando atenção.
E então isso me custou muitos dinheiros mesmo, trocamos placa mãe, processador, placa de som, reinstalamos tudo e ele veio assim pra mim, sem memória dos acontecimentos passados, como um bebê, pronto pra ser treinado e programado novamente. Eu exercito o desapego às coisas que se perderam todos os dias. Pra garantir, mandei o nerd da loja de computadores juntar mais 80 giga de memória aos 80 pré-existentes, pra que os novos 160 gigas de espaço me rendessem momentos de pura alegria atolando-o novamente com os arquivos todos. E isso é basicamente o que eu venho fazendo com a minha cabeça, só que sem formatar, sem descompactar, sem limpar a lixeira e sem reinstalar absolutamente nada, nos últimos 27 anos.
E ontem eu vi que o pobre do computador tem pouco mais que 5 gigas livres, e que nova faxina se faz necessária. E meu cérebro vem surtando nas últimas semanas. Eu misturo a matemática aplicada do MBA com episódios de Heroes, palavras e francês e termos técnicos de um monte de coisas. E não tem sobrado muito espaço não. Não tem espaço no cérebro pra, por exemplo, perguntar sobre nada da vida de ninguém. Eu penso assim: eu quero MESMO obter essa informação? O que eu faço com a informação depois que eu tiver ouvido a resposta? Guardo no cérebro? Porque o cérebro anda sobrecarregado, e eu acho que eventualmente ele vai mandar mensagens desconexas. E não vai ter reinstalação que dê jeito. Novas bandas, novos discos, novas séries, novos idiomas. Aniversários, telefones, eventualmente o meu próprio nome será esquecido e eu dependerei da boa vontade de estranhos.