Há alguns anos, ainda na faculdade, eu tinha uma melhor amiga. Melhor amiga no mundo todo, pessoa querida demais. Éramos absurdamente diferentes, e no entanto, funcionávamos muito bem juntas.
Um dia, essa minha amiga resolveu que não queria mais ser minha amiga. Do nada. Não houve uma briga, uma pisada de bola de nenhuma das partes. Ela decidiu isso e se afastou. Eu percebi, e fiquei magoadíssima, um dos maiores choques da minha vida. Óbvio. As pessoas achavam que eu tinha feito algo de ruim, mas nem. Eu era uma boa amiga, preocupada, atenciosa, legal. Foram meses tentando entender o que tinha havido, meses em que fiquei pessimista e parei de acreditar nas pessoas.
O tempo passou, eu descobri que tinha mais gente legal no mundo, mas criei uma espécie de medinho, assim, de ser limada, banida da vida das pessoas. Fiquei mais fechada do que eu deveria, mais desconfiada, e achando que se eu fosse realmente eu mesma, as pessoas veriam que não era legal me ter por perto. Paranóia, né?
Ano retrasado, uns 3 anos depois do silêncio absoluto que se abateu sobre a nossa amizade, recebi um e-mail. Era essa minha amiga, tentando juntar palavras e me explicar os motivos que fizeram com que ela se afastasse. Ou a falta de motivos. As respostas me vieram quando eu já não as buscava, era uma espécie de catarse, eu podia finalmente elaborar toda a situação. Eu respondi e desejamos, as duas, felicidades uma para a outra. E a vida seguiu.
Eu nunca deixei de procurar saber dela. Fosse no Orkut, fosse com os nossos amigos, eu sempre buscava pecinhas. Porque eu acho que ser amigo é um pouco isso. É querer saber, meio que zelar, ainda que à distância. E eu tive outros amigos, outros melhores amigos depois disso, eles vieram e se foram, alguns permaneceram, e permanecem, mas o lugar dela continuou sendo dela. Não houve substituição. Ainda existem assuntos sobre os quais eu conversaria com ela e somente com ela. Filmes, músicas, vestidinhos, amores. Essas coisas de amizade.
Hoje, vendo um link de um blog especializado em armazenamento de livros, lembrei dela, leitora voraz, apaixonada por livros e livrarias. Achei seu e-mail perdido entre os outros e parei pra pensar. Eu deveria mandar o link, estabelecer uma conversa tão simples e, ao mesmo tempo, tão complicada e doída? Eu mandei o link. E ela respondeu, agradecendo, perguntando como eu estava, esperando que eu estivesse feliz.
Eu não acho que a gente vá se aproximar de novo, nunca mais. Não como antes. Mas, ao mesmo tempo, ver que esses laços, ainda que tênues, frágeis, sobreviveram a todas as crises e tormentas, me faz acreditar que o silêncio pode, sim, ser sobreposto com palavras. E eu gosto de pensar que, num universo paralelo, nós sempre fomos amigas. E vamos continuar sendo.
Um dia, essa minha amiga resolveu que não queria mais ser minha amiga. Do nada. Não houve uma briga, uma pisada de bola de nenhuma das partes. Ela decidiu isso e se afastou. Eu percebi, e fiquei magoadíssima, um dos maiores choques da minha vida. Óbvio. As pessoas achavam que eu tinha feito algo de ruim, mas nem. Eu era uma boa amiga, preocupada, atenciosa, legal. Foram meses tentando entender o que tinha havido, meses em que fiquei pessimista e parei de acreditar nas pessoas.
O tempo passou, eu descobri que tinha mais gente legal no mundo, mas criei uma espécie de medinho, assim, de ser limada, banida da vida das pessoas. Fiquei mais fechada do que eu deveria, mais desconfiada, e achando que se eu fosse realmente eu mesma, as pessoas veriam que não era legal me ter por perto. Paranóia, né?
Ano retrasado, uns 3 anos depois do silêncio absoluto que se abateu sobre a nossa amizade, recebi um e-mail. Era essa minha amiga, tentando juntar palavras e me explicar os motivos que fizeram com que ela se afastasse. Ou a falta de motivos. As respostas me vieram quando eu já não as buscava, era uma espécie de catarse, eu podia finalmente elaborar toda a situação. Eu respondi e desejamos, as duas, felicidades uma para a outra. E a vida seguiu.
Eu nunca deixei de procurar saber dela. Fosse no Orkut, fosse com os nossos amigos, eu sempre buscava pecinhas. Porque eu acho que ser amigo é um pouco isso. É querer saber, meio que zelar, ainda que à distância. E eu tive outros amigos, outros melhores amigos depois disso, eles vieram e se foram, alguns permaneceram, e permanecem, mas o lugar dela continuou sendo dela. Não houve substituição. Ainda existem assuntos sobre os quais eu conversaria com ela e somente com ela. Filmes, músicas, vestidinhos, amores. Essas coisas de amizade.
Hoje, vendo um link de um blog especializado em armazenamento de livros, lembrei dela, leitora voraz, apaixonada por livros e livrarias. Achei seu e-mail perdido entre os outros e parei pra pensar. Eu deveria mandar o link, estabelecer uma conversa tão simples e, ao mesmo tempo, tão complicada e doída? Eu mandei o link. E ela respondeu, agradecendo, perguntando como eu estava, esperando que eu estivesse feliz.
Eu não acho que a gente vá se aproximar de novo, nunca mais. Não como antes. Mas, ao mesmo tempo, ver que esses laços, ainda que tênues, frágeis, sobreviveram a todas as crises e tormentas, me faz acreditar que o silêncio pode, sim, ser sobreposto com palavras. E eu gosto de pensar que, num universo paralelo, nós sempre fomos amigas. E vamos continuar sendo.
Um comentário:
ohnnnn.
Postar um comentário