Você vai ficar aqui? – eu perguntei, prum maluco careca que, em cima da hora de começar o show da Madonna, se postou exatamente no meu lugar.
Não ao meu lado, não na minha frente. Ele ficou em cima de mim. De braços cruzados. Cutuquei as costas, e perguntei, né? Porque vai que ele estava de passagem. E era tão óbvio que NINGUÉM ia ficar na minha frente. Tão óbvio. Não pra ele, por isso eu perguntei. E, quando o maluco respondeu que ia, sim ficar ali, eu evoquei os meus parcos conhecimentos de física. Dois corpos não ocupam o mesmo espaço ao mesmo tempo, é impossível e tals. Eu estava ali há mais de uma hora, comportada, esperando Madonna. O maluco aparece em cima da hora e queria ficar no meu lugar?
Ah, não. NÃO.
E empurrei com tudo. Era arquibancada, escada, pra baixo todo santo ajuda, e tals. Ele ameaçou voltar, levantei a voz. Menina doce e educada que sou, rodei a baiana. Eu sou calma, ou pelo menos estou calma. Mas guardo toda a minha agressividade para esse tipo de situação. Pro caso de um maluco querer dar uma de esperto. Barraco. Continuei praguejando, enquanto ele me olhava desmoralizado, já três níveis abaixo. Ele me olhava bravo, acho que até queria me dar umas porradas, mas eu nem ia discutir aquilo ali. Meu lugar estava a salvo. E ele sumiu. Se ele tivesse tomado o destino oposto, tivesse voltado pro meu lugar, eu juro, ele seria promovido. Da arquibancada para a pista, porque eu ia empurrar com tanta força que ele ia cair lá embaixo. Imagina. No meu lugar. Não do meu lado, e nem na minha frente. Fiz até um desenhinho pra provar.
Não é um absurdo?
Mas ele aprendeu a lição.
Eu também aprendi a minha. Aprendi que apressado come cru e quente. Que se eu tivesse ficado blasé, sem me desesperar com a possibilidade de os ingressos se esgotarem, e tal e coisa, eu teria ido hoje, lépida e fagueira, ali pro Morumbi, e teria ido ao show da Madonna, na Pista, que eu preferiria MIL VEZES, por 50 dinheiros, com ingressos obtidos de cambistas.
Além disso, reúno, agora, uma bolha em cada sola, de cada pé.
Mas valeu à pena. Ô, se valeu.
Não ao meu lado, não na minha frente. Ele ficou em cima de mim. De braços cruzados. Cutuquei as costas, e perguntei, né? Porque vai que ele estava de passagem. E era tão óbvio que NINGUÉM ia ficar na minha frente. Tão óbvio. Não pra ele, por isso eu perguntei. E, quando o maluco respondeu que ia, sim ficar ali, eu evoquei os meus parcos conhecimentos de física. Dois corpos não ocupam o mesmo espaço ao mesmo tempo, é impossível e tals. Eu estava ali há mais de uma hora, comportada, esperando Madonna. O maluco aparece em cima da hora e queria ficar no meu lugar?
Ah, não. NÃO.
E empurrei com tudo. Era arquibancada, escada, pra baixo todo santo ajuda, e tals. Ele ameaçou voltar, levantei a voz. Menina doce e educada que sou, rodei a baiana. Eu sou calma, ou pelo menos estou calma. Mas guardo toda a minha agressividade para esse tipo de situação. Pro caso de um maluco querer dar uma de esperto. Barraco. Continuei praguejando, enquanto ele me olhava desmoralizado, já três níveis abaixo. Ele me olhava bravo, acho que até queria me dar umas porradas, mas eu nem ia discutir aquilo ali. Meu lugar estava a salvo. E ele sumiu. Se ele tivesse tomado o destino oposto, tivesse voltado pro meu lugar, eu juro, ele seria promovido. Da arquibancada para a pista, porque eu ia empurrar com tanta força que ele ia cair lá embaixo. Imagina. No meu lugar. Não do meu lado, e nem na minha frente. Fiz até um desenhinho pra provar.
Não é um absurdo?
Mas ele aprendeu a lição.
Eu também aprendi a minha. Aprendi que apressado come cru e quente. Que se eu tivesse ficado blasé, sem me desesperar com a possibilidade de os ingressos se esgotarem, e tal e coisa, eu teria ido hoje, lépida e fagueira, ali pro Morumbi, e teria ido ao show da Madonna, na Pista, que eu preferiria MIL VEZES, por 50 dinheiros, com ingressos obtidos de cambistas.
Além disso, reúno, agora, uma bolha em cada sola, de cada pé.
Mas valeu à pena. Ô, se valeu.
3 comentários:
que folgado! ainda bem que vc não deixou barato!
Argh, essas figuras me dão nos nervos. Muita folga. Não deixo barato também.
E tá todo mundo falando isso mesmo, que os ingressos estavam baratíssimos na hora do show.
onde eu tava surgiu um casal do além querendo ver o número da cadeira da gente, jurando que os lugares deles estavam reservados, e reclamando muito que tava muito cheio. aí o cara da minha frente apontou em direção ao palco e disse: "tá vendo aquele monte de cadeira? também são lugares e muito mais perto do palco!". e eles foram, hahaha.
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