quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Scrooged

Aqui na cidade siderúrgica onde eu fui criada, interior do Rio de Janeiro, onde meus pais vivem e onde eu vim me esconder no fim de ano, chove todo dia. Choveu ontem, choveu hoje, choverá amanhã. Sempre no meio da tarde, o dilúvio vem e vai rápido, deixando tudo alagado. Mas agora tem uma novidade. Quando chove, acaba a luz. E isso acaba com o meu bom humor. Acabou a luz na segunda e eu desci 11 andares de escada, porque ia anoitecer e eu não queria pegar estrada de noite. Quando eu voltei de viagem, ontem, mais uma vez pude testar os poderes de anfíbio do meu carro, andando nas águas. Hoje, em casa, confortavelmente instalada, pernas ao alto pra recuperar as panturrilhas do grande exercício escada abaixo, e acaba a energia elétrica. E, vem cá, comofas pra viver sem energia elétrica às portas de 2009?

Peguei o notebook, botei a bateria no modo econômico e comecei a assistir The Big Bang Theory, que estava ali me esperando. A bateria começou a acabar, eu gravei mais alguns episódios no pen drive e passei pro note da minha irmã. E nada da luz voltar. Fiquei imaginando um Natal à luz de velas, péssimo. Eu nem gosto de Natal. Eu passo pelo Natal, desde que não me incomodem tipo me deixando sem luz. E sem internet. Não é por bobagem que um amigo só me chama de Srta. Scrooge. Sou um pouco, sou mesmo.

Aliás, vendo The Big Bang Theory, fiquei meio preocupada. Super me identifiquei com o Sheldon, e eu sei que ele é o personagem mais caricato. Ainda to tipo no episódio 4, mas algo me diz que ele tem boas chances de entrar na minha galeria de favoritos. Be afraid.

Meu irmão diz que eu fico em estado vegetativo. Fico mesmo. Pernas pro alto, Coca-cola ao alcance das mãos, computador no colo. Ninguém ouse me incomodar. Não vou pra piscina, não vou visitar nenhuma tia velha. Espero não ser incomodada. Trouxe alguns seriados pra ver, alguns filmes antigos, tenho todo um iTunes pra organizar. Odeio telefonemas pra desejar Feliz Natal, odeio as cobranças de onde você vai passar o ano novo, e mais ainda o mas não vai fazer naaaadaaaa? Não. Não vou fazer nada. Não faço a mínima questão. Odeio festas, odeio essas cobranças que vêm com as festas, essa obrigação de ter coisas divertidas pra fazer, e pra contar pras pessoas. Pra mim, ficar na casa que eu cresci, batendo papos aleatórios com meu pai, falando com alguns queridos pela internet, ensaiando formas elementares de comunicação com a calopsita, comendo farofa de miúdos na xícara durante a tarde, é a mais completa expressão de felicidade. E me recarrega para o resto do próximo ano.

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