quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Cena:

Eu, meu irmão e minha irmã. Na cozinha. Ele passa e me dá um peteleco. Eu devolvo. 5 minutos depois, o peteleco vira safanão. Eu devolvo, e peço pra parar, que aquilo ta chato e eu não to pra brincadeira. Ele me enforca, eu me desvencilho, e enquanto ele se afasta aos pulos e às gargalhadas, eu tento alcançá-lo com um resto de tapa, que bate mais no ar do que nele.

Passa o tempo, sei lá, uma meia hora. Nova sessão de enforcamento. Dessa vez, porém, eu consigo me defender puxando seu cabelo com força. Quando ele finalmente se desvencilha, tem um chumaço de cabelo dele na minha mão. Ele me dá uns golpes de karatê, eu devolvo com uns chutes no ar, meio desengonçados, mas com finalidade única de auto-defesa.

Mando parar de novo, porra. Já falei que não to achando graça, e que as coisas têm limite, parari parará. Me distraio por dois segundos, ele volta e me dá outro golpe. Eu surto, grito, me lanço pra cima dele e o arranho com força. Ficam as marcas no braço, e eu uso aquelas mesmas marcas para ameaçá-lo, dizendo que da próxima vai ser ainda pior, que eu vou machucá-lo DE VERDADE. Dou uma rosnada, para fins de ênfase. Ele ri, debocha. Eu quase choro, e paro de falar com ele pa-ra-sem-pre.

Minha irmã ri, e eu acabo brigando com ela por não me defender, por assistir àquele show de horrores sem nem ao menos me ajudar a mandar ele ir se ferrar.

Horas depois, brigadeiro de panela pelando, daqueles que ainda queimam a língua. Sentados, os três, cada qual com sua colher, vendo TV. Madrugada.

Ele me bate, de novo, e debocha. Eu mando parar, já meio sem paciência. Ele pega uma colher cheia de brigadeiro e joga na MINHA PERNA. Brigadeiro quente. Na minha perna. Que se queimou, naturalmente. Eu bato nele e começo a chorar, e acordo a minha mãe, e faço escândalo, e brigo de novo com a irmã, pego o brigadeiro, que fui eu que fiz, e levo embora.

Você pensa. Anos 80, briga de irmãos. Não. Dezembro último, briga de irmãos. Uma, eu, com 29 anos na cara, ele, outro, com 23. A palhaça que assistia a tudo com profundo sadismo, com 26 anos.

Só voltei a falar com ele ontem. Com a minha irmã, eu não falei nunca mais.

Juro. =P

3 comentários:

Senior disse...

That is sooooooooooo eighties

Anônimo disse...

vi o link do seu blog no blog do blog do blog do blog que eu frequento. O que me chamou a atenção foi o título, já que eu amo SP...

li seu texto e achei demais o jeito que vc escreve.

=]

Red Forman

Vanessa disse...

"pego o brigadeiro, que fui eu que fiz, e levo embora"

haha, ri muito!