Primeiro eu me enrolei com as ruas. Não que elas não sejam bem explicadas, há placas em todo canto, dizendo em que pista você deve ficar se quiser pegar tal entrada, seguir por tal ponte, etc. Muito mais placas que no Rio, afinal. Mas eu me enrolei com as ruas. Não fui acometida por nenhuma crise de pânico, dessas que fazem ter vontade de chorar e acreditar piamente que não se vai chegar em casa nunca mais. Uma estranha calma se abateu sobre mim desde que cheguei a São Paulo. E nessa de ir me perdendo, eu também ia me achando. Chegar deixou de ser problema.
Depois, aquela história do rodízio. O meu é terça, mas eu fico com uma sensação esquisita de que é proibido tirar o carro da garagem. Fico olhando nas ruas, pra ver se encontro algum infrator, alguém com a audácia de sair com o carro justo quando não deve. Será que o rodízio vale pra taxistas? Um taxista ficaria obrigado, então, a parar no seu dia de rodízio. Carro de entrega pode? E se a mulher de alguém estiver em trabalho de parto, esse cara ganha algum tipo de licença especial pra não ganhar multa, mostrando alguma prova do ocorrido, tipo a certidão da criança, ou uma declaração do médico?
O transporte público me parece bom, mas quem sou eu pra falar? Minha única experiência minimamente desagradável foi a eterna espera pelo ônibus que não chegava nunca na Av. Paulista. Existe esse projeto que diz que o metrô vem até a rua de trás. Tá lá, eu vi as obras, tudo parado. Mas sabe-se lá quando vai ficar pronto, né? E aí tem essas regras malucas, que pra uma carioca meio fajuta que nem eu, parecem escritas em outro idioma.
Estacionamento. Lá no Rio é simples, beleza. Anda na rua, pisca o farol pro malandragem do vaga certa, ele te dá uma papel que você vai desconfiar pra sempre se é falso ou não. Carro parado, beleza. Aqui em São Paulo não é assim, não. Tem umas placas dizendo que só pode parar se tiver o cartão azul. O que é o cartão azul, eu me pergunto. Roomie diz que é um troço que vende tipo em banca de jornal que você compra adiantado e vale cada meia hora, ou uma hora, ou whatever. Odeio procedimentos pra realizar coisas. Quer dizer, eu gosto de regras e procedimentos, mas odeio ser quem tem que aprender sobre isso. Tem faixas que você não pode andar de jeito nenhum. É exclusiva de ônibus. Tem fila de motocicletas entre a fila de carros, e ai de quem resolver trocar de pista sem pensar nisso. Corre risco de causar uma morte. Duas mortes de motociclistas acontecem por dia, aqui em São Paulo. Estatísticas da Roomie. Daí, se você quer virar numa rua e a pista mais perto é exclusiva de ônibus, veja bem, você até pode ficar ali um cadinho. Mas só se for virar, fazer a curva. Eu me pergunto. E se eu for ali e não fizer a tal curva? Sou multada?
É ladeira que não acaba mais. É ladeira com sinal, que os nativos chamam de farol, lá no final, lá no alto. Tem que ficar com pé no freio e na embreagem, pro carro não descer quando o sinal fica verde. Eu nunca sei como fazer ladeira com freio de mão. Tomara que isso não me cause problemas. Os sinais ficam do outro lado da rua, e isso confunde quando você faz uma curva, por exemplo. Porque você vê um sinal vermelho, mas ele não é pra você, é pros carros parados ali atrás.
A maioria da junções de rua têm uma espécie de canaleta. Saiu de uma rua, quer entrar em outra, já sabe. O carro vai raspar a parte de baixo. Isso é horrível, porque você tem que diminuir muito a velocidade. E ainda assim raspa. A madame t dizia que era toda uma preparação pra quando chove, que a água escoa melhor desse jeito. Eu suuuuper acredito. Não caiu nenhuma chuva forte desde que eu cheguei. Fez calor durante 3 dias, calor digno do Rio de Janeiro. Tem feito frio durante 15 dias, frio digno de São Paulo. Garoou, porque é preciso honrar o apelido, né? Choveu um pouquinho, chuviscandinho, nas palavras de roomie. Temporal ainda não vi. As galochas permanecem secas, dentro do armário.