terça-feira, 25 de outubro de 2011

dá cá um abraço, steve.

a gente se habitua. a gente se acostuma a pegar sempre o mesmo caminho, e restaurar o sistema toda vez que dá problema, meio resignado, e seguir a vida por caminhos conhecidos e sem grandes sustos ou surpresas.

se acostuma com a tela azul, com a janelinha conhecida, os programas de sempre. aprende que ctrl alt del ajuda, e sai apertando as teclas de atalho. a ordenação de pastas, fotos, programas para download ou edição de imagens.

a gente sabe que a vida lá fora é bela, e que é tudo branquinho, e simples, e drag and drop. e tem o steve. fofo, de camisa de gola alta apresentando coisas incríveis, e aí ele morre e você se dá conta de que a perda é irreparável. e teme que a evolução estacione, porque era dele essa evolução toda. eu tenho iphone há mais de dois anos, tenho ipad há um ano. tenho um macbook air há uma semana. porque eu me rendi, e cansei daquele jeito meio jurássico de levar a vida, com programas dando crash e bateria de vida mais curta que a de um mosquito.

eu quero os aplicativos, a interface integrada, a leveza e a boniteza de um computador fino, rápido, silencioso. pra integrar a minha vida inteira, todos os dispositivos, guardar tudo na nuvem. eu não me incomodo mais com a ausência do cedilha. vou aprender a usar o command whatever, e me acostumar com a ausência das teclas home e end, tão queridas. já me acostumei com o teclado multitrack, que entende a minha quantidade de dedos pousada sobre ele e se comporta direitinho. o teclado que acende sozinho, dependendo da luz ambiente. as caixas de som embutidas e invisíveis. a bateria que dura uma vida, a memória flash que faz tudo ficar incrivelmente rápido.

2011 fica marcado como o ano em que eu abandonei os velhos hábitos. e que me permiti uma vida boa.

desculpe o atraso, steve. e obrigada por tudo.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Aniversario esse ano vai ser assim. Pianinho. 


Porque eu to feliz de um jeito que nem precisa comemorar.


:)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

eu fico pensando que eu devia ir pra casa. deitar na cama, fechar os olhos e respirar fundo, fundo, e esperar que, ao abrir os olhos, a vida esteja certa, e eu saiba o que efetivamente estou fazendo. porque eu gosto, gosto muito, mas as coisas se acumulam sem que eu consiga decifrá-las. e eu fico imaginando planilhas - mais delas - que me ajudem a organizar o trabalho e as ideias. porque é muita coisa pra entender, e eu não sei ao certo até que ponto eu devo ser quem mais entenda delas.


um bom líder sabe delegar. eu sempre vi líderes que não sabiam, que olhavam trabalhos bons e ainda assim tomavam do funcionário a caneta e se punham a fazer, refazer. porque acreditavam, sabe-se lá como, que só eles fariam do jeito que eles queriam. não é verdade. existem jeitos e jeitos, e eu posso chegar numa solução e outra pessoa chegar noutra, e as duas soluções serem boas para tratar o mesmo problema. e eu ficava pensando que quando fosse a minha vez de mandar, eu saberia que não preciso saber tudo.

faz pouco tempo, ainda na firma colorida, eu vi o carioca, arrogante que só, se gabar que a coordenadora fofa sabia menos do que ele sobre determinado assunto. e ela, sabiamente, disse. se eu souber exatamente o que vc sabe, eu não preciso de você. concordei, concordo, mas cadê o desprendimento nesse momento da minha vida, de olhar tudo isso que eu não entendo e achar que IT IS OK não entender de tudo?

e eu fico achando que não basta conhecer o produto e entender exatamente o que precisa ser feito pra que fique legal, pra que o site funcione e cresça pra onde precisa crescer. eu tenho que conhecer os números, as conversões, as planilhas todas. me afogo em cobranças minhas. i should know better.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Notícias do front

Então a firma nova é assim. Não é firma. É grande corporação. Com todas as dores e delícias de uma grande estrutura. Tem que aturar o elevador gigante que comporta muita gente, parando de andar em andar. Tem que aturar um help desk que eu, carinhosamente, já apelidei de helpless desk. Porque abre chamado, cria burocracia, demora uma vida pra responder. Quando finalmente responde, briga comigo porque eu to navegando no chrome, e me manda usar o internet explorer como navegador padrão. OI? QUE ANO É ESSE? 

A firma colorida me acostumou mal, nesse sentido e em alguns outros. Mas se a gente for entrar numas de comparação, MERMÃO, as críticas param por aí. Meu estacionamento veio com 4 dias,  e o carro fofo e novo fica guardadinho, com mais espaço e menos chance que algum espertinho desavisado e filho da puta marque minha porta. Aliás, alô menina de cabelos vermelhos, agora pretos, que muda o cabelo mas não muda o espírito de porco. Olha eu aqui ainda indo de carro pro trabalho. Tão perto quanto antes, hohoho. Ainda quer me dar porrada? Quer?

Pronto, passou. Respira.

Então, continuando. A grande corporação tem gente de todo tipo. Na firma colorida o galerê ia basicão, e não raras vezes eu vi, muito contrariada, moleques usando bermudas e havaianas. Eu nunca me vesti montada, sempre fui mais basicona, mas a firma colorida me permitia pequenas brincadeiras como bota de oncinha e short curto com meia calça. A grande corporação também tem gente largada, basicona. Mas tem uma parcela importante de gente que é do mundo da moda, e que é meio formador de opinião. Gente famosinha, mesmo. como o meu projeto é relacionado à moda, e é uma coisa muito legal e incrível, eu me sinto direcionada pra esse mesmo lado. Me montar. Só que eu não me monto. Por falta de disposição, por falta de peças de roupa que comportem uma superprodução todo dia, por minha aversão a saltos. E aí tem a ex trainee fofa toda vida, que tá ali pra trabalhar junto e dar o tom da coisa toda. E ela sempre está montada. Serena Van Der Woodsen trabalha do meu lado. Enquanto eu me desequilibro desajeitada entre tentativas de ser Blair Waldorf, clássica e boneca, ou Vanessa Adams, uma coisa hipster/alternativa. Todas frustradas, já adianto.

E dá-lhe bolsa assinada, salto altíssimo tendência. Ela combina bem as peças, e é uma pessoa simples, no dia-a-dia. Mas, devo confessar. Estar ao lado de uma pessoa tão cuidada nesse sentido tem feito algumas desordens na minha autoestima. E eu me vi usando mais saltos do que costumo, sem coragem de lançar a bota de oncinha. Vamos deixar claro. Eu não me visto mal. Eu tenho um estilo bem definido, mas que se inclina pro alternativo. Blusa de caveiras e audrey zombie tão aí pra provar. E eu fico me sentindo alternativa DEMAIS perto dela. Isso quando eu não me acho uma mendiga mesmo.

A parte boa desse desconforto é que, junto com a vaga nova na grande corporação, veio um salário mais gordo, uma puta promoção. E eu me vejo com liberdade de tomar decisões, de ser ouvida, de participar mais de perto do direcionamento das coisas. Eu só preciso ir na Zara e vestir esse novo avatar. O que me leva a um NOVO problema. Desde que o menino incrível de olhos verdes e sorriso largo adentrou este mundinho, a vida foi bela, e regada a restaurantes, e doces, e comidinhas felizes. A brincadeira me trouxe 5kg, desde fevereiro. Como eu estava, desde a oficina colorida, consideravelmente abaixo do peso considerado "normal" pra minha altura, os 5kg não me transformaram numa figura gordinha. Engrossaram as pernas, deram contorno aos quadris. Meu menino diz que eu estou melhor assim do que quando nos conhecemos, mas só eu sei a dor que eu sinto ao ver meus ossinhos dos quadris mais, hum, digamos, recheados. E como boa pessoa que gosta de ser magra, eu já estou aqui maquinando planos para resolver o problema. Porque Zara, meu bem, é prêmio. E só daqui a pelo menos 3kg eu vou poder merecer roupas novas.

Tamos aí trabalhando horrores, com equipe pra gerenciar, aprendendo com os erros, tentando organizar coisas que vieram antes. Coletando números, decorando nomes, tendo que controlar planilhas. ACORDANDO CEDO. O que, desde sempre, sabemos que eu não gosto. 

Existe vida antes de 8h da manhã, eu me perguntava há alguns meses. A resposta tá aí. Existe. E é a minha nova vida.

Tô reclamando não. Tô feliz. :)
porque é meio confuso, mesmo, esse lugar que eu estou. e eu sabia que seria cheio de novidades, e complicado, e cheio de coisas que eu nunca fiz na vida. e eu consigo me ver tão absurdamente envolvida nesse mundo novo que eu gosto, que me faz trabalhar dez, doze horas por dia, e acordar cedo, e eu sempre odiei acordar cedo. 

e eu tô com medo, sabe? porque eu conheço bem esse buraco negro que me suga, e só eu sei a minha culpa por deixar, numa sexta feira à noite, o note no trabalho, pra desligar da to do list e viver essa vida boa que eu tenho com meu menino. e esse equilíbrio eu vou ter que aprender, porque todas as outras vezes que trabalho me sugou, na vida, era eu sozinha, pra ser sugada.

e agora não é. agora o trabalho me suga e eu tenho medo de não conseguir equilibrar, e deixar de lado o que é prioridade. e eu quero conseguir dar conta de tudo e quero conseguir passar os finais de semana com a cabeça despreocupada, pensando em que restaurante a gente vai almoçar, ou em episódios de how i met your mother, pra ver junto com ele.

todas as outras vezes que o buraco negro surgiu, ele me levou. e dessa vez é diferente, porque eu tenho um bom motivo pra não me deixar ser levada. e eu preciso aprender como fazer isso.