terça-feira, 30 de junho de 2009

enquanto isso, no msn.

[estagiário sem noção] disse: (madame ç em apelido fofo), tudo bem ?
[madame ç] disse: diga
[estagiário sem noção] disse: Quando você for devolver aquele livro que esta com você, você pode deixar comigo? O (gerente de covinhas) falou que é importante eu dar uma lida nele
[madame ç] disse: ja devolvi, garoto. pede pro rafael.
[estagiário sem noção] disse: o secretário?
[madame ç] disse: sim, ele que cataloga, pelo que eu entendi.
[estagiário sem noção] disse: Beleza, valeu !!!
[madame ç] disse: demorô
[estagiário sem noção] diz: Era o (livro de 600 páginas em inglês) que você estava, né?
[estagiário sem noção] diz: é, o que tem um urso polar na capa.
[estagiário sem noção] diz: Ah, ok. Só pra confirmar, pois o (gerente de covinhas) se referiu como "o livro que esta com a (madame ç)"
[madame ç] diz: mas eu li também o (livro de 500 páginas em inglês), que ja devolvi há mais de um mes. o livro ao qual o (gerente de covinhas) se refere é o (livro de 600 páginas em inglês). e não, ele não está mais com a (madame ç). está com o rafael.
[estagiário sem noção] diz: auhauhauhuhauha, magavilha
[madame ç] diz: eu podia te dizer que é um livro que ensina a explodir o (nome da firma colorida), e vc nem ia saber, olha só.
[estagiário sem noção] diz: uhauhauhauhauhauhaauhuaau, ainda bem que você não é tão psicopata assim
[madame ç] diz: nunca se sabe, néam?
[estagiário sem noção] diz: :~
[madame ç] diz: fica tranquilo, eu não vou explodir o (nome da firma colorida). por enquanto.
[estagiário sem noção] diz: uhauhuhahuahuhuahuahua. se for fazer isso, só me avisa antes, pra eu sair ileso
[madame ç] diz: aviso sim. mas galerê do (nome do projeto do demo), lá no nono andar, vai tudo pelos ares.
[estagiário sem noção] diz: ah, beleza. problema é se for abaixo do 3º. ai não da pra escapar pelas saidas de emergencia
[madame ç] diz: belê. vc está a salvo.

em roxo, nomes trocados, facilitando a identificação dos personagens.

a ameaça de explosão foi real. muito real.

¬¬

projeto do demo

é pedir muito a pessoa querer uns míseros 3 dias de calma, já que são os 3 últimos? sem reuniões que apontem problemas não previstos, sem mimimi, sem gente sendo grosseira com gente num raio de, hum, 3 metros de distância? que se possa chegar no trabalho e sair pra comer na hora certa? são 15h56 e eu estou almoçando um sanduiche ruim, que eu tive que pedir aqui mesmo, porque as reuniões me atropelaram. daí, nova pergunta. é pedir muito que, de acompanhamento do sanduíche, coca cola comum seja uma opção, e não coca zero?

eu to cansada, assoberbada, chocada com as grosserias que as pessoas trocam entre si. impressionada como neguinho sabe cobrar, mas não sabe fazer o que está na sua job description. os ânimos se exaltam, e tudo o que eu faço, educadamente, é baixar a voz e pesar a mão - mais ainda - na delicadeza. não gosto de grosseria em ambiente corporativo. e se tem uma coisa que eu sei ser, meu bem, é fofa. FOFA. isso.

quero sair a tempo de ir pro cinema, quero poder conversar com as pessoas queridas que se sentam em volta. em breve, eu não estarei aqui. as pessoas demonstram surpresa quando sabem que eu vou sair mesmo. eu já entrei no clima de despedida, já estou brincando, sugerindo que eles façam um movimento "fica madame Ç", ou que mantenham a minha memória viva quando aqui eu não mais estiver. mas, frankly my dear, i don't give a damn (/gonewiththewind).

agora dá licença, que eu vou ali psicopatear o gerente sem covinhas e suas assistentes do demo. que eles me devem coisas, e eu devo essas mesmas coisas pros meninos que desenvolvem, e geral tá me cobrando, e a culpa não é minha. considerando que em 3 dias, pluft, eu terei desaparecido, nãio vou nem me preocupar se ficar um rastro de sangue pelo caminho.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

junho

Junho me tirou dos olhos as lentes cor-de-rosa. Chegou me deixando desolée, chorona e descrente na vida. Tirou de mim o apartamento legal, e me mostrou um lado bem ruim de uma pessoa que eu achava que era amiga. Tirou as minhas esperanças de ficar na firma colorida. Fez mais. Me mostrou que a firma colorida não era assim tão colorida. Que o gerente de covinhas era sim, bonito, mas que não dá pra escrever o que ele fala. Que ele é apenas mais um menino perdido, achando que abafa num mundinho de cartas marcadas. O gerente sem covinhas virou reclamão, e agora eu lido com ele da forma mais polida possível. As duas assistentes do demo que ele contratou, well, com essas eu prefiro nem lidar. O projeto enrolou, as pessoas foram ficando pesadas, e tudo virou um jogo em que a culpa fica sendo jogada de um lado pro outro.

Eu comecei a achar bom, sabe? Achei bom que meu ultimo projeto tenha sido absolutamente extenuante, e que tenha tirado de mim todas as grandes ilusões que eu vinha construindo. A empresa é legal? É. Mas tem problemas, assim como qualquer outra. Existem outros lugares legais, existe vida lá fora. E eu comecei a enxergar isso.

Então, junho foi, e tem sido uma droga. E eu quero que ele acabe, mais do que qualquer outra coisa. Falta uma semana, mas parece uma eternidade. E eu percebo gente querida se revelando de todos os cantos, pra onde eu olho. Atrás do monitor do computador, a co-worker carioca que me manda vagas legais e me espera pro almoço. O amigo do 8º andar, aparecendo no MSN de madrugada pra falar de coisas absolutamente perdidas. O amigo que já está por perto, há algum tempo, e que é dos meus favoritos, me chamando pra comer pizza e me fazendo esquecer durante algumas horas todo o caos instalado. Fazendo mais. Me mostrando uma pessoa que conseguiu, num só dia, perder carro e namorada. Tudo é uma questão de perspectiva, honey. E sim, tudo é bizarramente engraçado.

Então, considerando o sem número de posts #mimimi que eu tenho feito por aqui, informo que estou bem. Já consigo fazer piadas de humor negro em ambiente corporativo, já consigo pensar na vida pós 2 de julho. Tenho feito assim, um dia de cada vez, como deve ser. Até lá eu assisto Will and Grace, peço sobremesas bem calóricas nos almoços, discuto no msn com o menino que perdeu carro e namorada, tudo no mesmo dia, que sim, junho sucks BIG TIME, mas que a gente é legal pra caramba. E que eventualmente a vida se acerta.

Tem funcionado. =]

E que venha julho, pelamordedeos.

domingo, 21 de junho de 2009

Sexta-feira

Quando eu me vesti, de manhã, eu pensei. Hoje eu vou ter meu coração partido. Sim, estou falando de trabalho. É isso que eu faço.

Não que o coração já não viesse sendo espatifado aos poucos, desde a outra conversa. Eu sabia que seria assim. Então, no fim da tarde eu chamei o gerente de covinhas, as mesmas covinhas que já não me enganam mais, pra conversar. E ele disse exatamente o que eu já sabia que ele iria dizer. Eu não fico na firma colorida quando o contrato acabar.

Em parte, a conversa foi boa. Eu pude dizer pra ele que a minha aposta, por mais alta que tivesse sido, caiu por terra. Disse também que não volto pra firma colorida se a vaga for temporária, algo que ele já tinha mencionado antes. Sobre eu ser a primeira opção dele pra outros casos de gente saindo pra ter bebê, ou licença, ou o raio que o parta. Eu não tenho what it takes. Não quero entrar se tiver de sair. Eu desmancho, sabe? Então, eu não quero saber de telefonemas pra substituir ninguém. Quando a vaga definitiva existir, se é que ela vai existir, se eu for cogitada, dependendo de como estiver a minha vida, eu volto, sim. Em qualquer outra circunstância, thanks, but no, thanks.

Saí do trabalho e estava bem frio, e eu vim andando pela rua com o choro engasgado de um jeito quase que impossível de controlar. Eu respirava fundo, e alto, pra engolir tudo bem engolido. Gente andando chorando pela rua é algo bizarro de se ver. Passei no supermercado, comprei coca-cola, e quando entrei em casa e saquei que poderia chorar, eu tinha perdido a vontade. Comecei a pensar nas outras coisas todas que andam acontecendo, e está na hora de parar de choramingar, e fazer as coisas darem certo. Talvez eu continue mandando currículos, talvez eu aceite uma proposta que me veio do nada, e que pode ser bem legal. A única certeza, por esses dias, é a viagem para a cidade siderúrgica, onde comerei arroz doce até morrer. E brincarei com a calopsita. E verei minha avó.

Por hora, eu só preciso que essa semana passe rápido, e que a outra também. Não quero happy hour de despedida, não vou ficar de cara amarrada. Eu só quero que acabe. Da firma colorida eu vou levar algumas pessoas. E basta.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

aleatórias.

é tanta coisa acontecendo que eu nem sei que rumo eu tomo. fiz duas entrevistas. eu ia mudar pra um apto muito legal, mas agora nem vou mais. longas conversas de msn com um amigo improvável, que acaba se tornando uma das melhores coisas trazidas pela firma colorida. preguiça das pessoas, choro engasgado na garganta o dia todo, a semana toda, o mês inteiro, desde que começou, até terminar. pessoas perguntando o que vai ser de mim, o que eu estou efetivamente fazendo. quis pular no pescoço do viado, ontem. as entrevistas eram pra uma agência legal, mas eu fiquei chocada com as pessoas trabalhando amontoadas. isso que dá não prever crescimento. 60 pessoas trabalhando onde cabem 30 não dá, meu bem. comprei doce de leite pra comer de colher, dormi menos do que gostaria a semana toda, acordei com os olhos inchados. pelo menos chegou meu rímel novo. voltei a tomar ritalina, pra ver se a cabeça, pelo menos, funciona como precisa. eu queria achar um jeito de desabilitar a função emoção, nesse momento. ser racional é o último grito, dizem. o viado falou. tem que ser pragmático. quase que eu mandei ele se fOder, com ênfase no O, como ele mesmo gosta de falar, com aquele sotaque. é fácil falar quando não é com a gente. a sola da bota favorita estragou, eu tentei arrumar com uma superbonder e a emenda ficou pior do que o soneto. choveu e fez frio. o gerente sem covinhas apareceu de surpresa na minha mesa, mas ele perdeu o brilho. teve chopp de comemoração pelo co-worker que vai casar, e eu fui sem querer ir. gerente de covinhas me deu um apelido fofo, e agora só me chama por ele. e eu engulo o choro, a cada vez que ele diz. o pen drive morreu na mão da mulher que estava me entrevistando, quando eu ia mostrar umas coisas pra ela. fiasco total. conversas perdidas no msn com amiga querida e distante, e de repente eu pego amor profundo às pessoas e quero pedir colo pra todo mundo. hoje eu acordei e não conseguia levantar da cama. fiquei lá. meu pai me ligou, dizendo que estava me mandando um pen drive novo por sedex. essa é a forma que ele encontra de ser fofo, mesmo a tantos km de distância. quando eu finalmente me levantei e fui pro trabalho, com as sapatilhas verdes, estava chovendo e eu molhei os pés. usei meu casaco fofo, pelo menos. se é pra ficar sofrida, que seja vestida com meu casaco de tweed. a agência legal com pouco espaço pras pessoas tem um lounge, com mesinhas felizes, tv gigante e wii. comprei os livros que o gerente de covinhas andou me emprestando. vou reler, com calma. desde o dia em que eu saquei que não ficaria na firma colorida que eu não consigo mais ler, o livro me pesa nos braços. é fase, eu sei. o doce de leite foi a melhor coisa da semana. vou trabalhar quinta e sexta. não é hora de ficar de frescura com feriado.

***

Tem sempre dois tipos de frases lugar-comum pra situações como a minha. Gente que vai encher a boca e dizer que o que importa é ter vivido a experiência, mesmo que tenha estraçalhado o coração no final. Eu sou de outra teoria. Se eu tivesse a mais remota ideia do sofrimento e dor no coração que eu sentiria ao ter de sair de lá, eu jamais teria aceitado entrar. Eu me poupo. Me preservo. É isso que eu faço. É isso que eu deveria ter feito.

sábado, 6 de junho de 2009

sustos e seriados

Eu não gosto de susto. Parece óbvio, mas eu só consegui chegar a essa brilhante conclusão esses dias. Daniel insistindo para que eu visse um filme chamado "a neblina", ou algo que o valha. E eu dizendo que, desde a Bruxa de Blair, esse tipo de evento é impensável na minha existência.

Bruxa de Blair mudou minha vida. Antes que alguém comece a me zoar, explico. Eu vi na pré-estreia, na sessão de 00h30. Só se falava na tal história de que era um documentário e que neguinho tinha morrido mesmo. E lá fui eu, tomar susto. Depois disso, tomei a decisão de que não me submeteria jamais a esse tipo de situação novamente. E tinha O Sexto Sentido bombando no cinema, e eu convenci as pessoas a me contarem qual era a tal surpresa incrivel do final do filme. Oh. Bruce Willis está morto? Preciso ver isso, pensei. E lá fui eu ver o filme, sabendo que o Bruce Willis estava morto. Foi legal, eu digo. Nunca mais parei de querer saber o final antes. Pra antecipar a surpresa, o susto.

Eu busco spoilers de Lost, baixo as minhas séries e, antes que eu tenha tempo de sentar pra assisti-las, bonitinho, como deve ser, eu sempre dou uma espiadinha. Soube antes das duas surpresas no final de temporada de Greys Anatomy. É assim que eu funciono. Quando o filme vai me dar susto, mas por algum motivo eu continuo tentada a vê-lo, eu vou direto nas cenas mais tensas e assisto antes.

Daí, no trabalho, as pessoas falando desse filme sueco de vampiro. Let the right one in. Fiquei a fim de ver, naturalmente, adoro filme independente, e adoro vampiros. E vem o Daniel dizer que é filme de susto. Me mandou o link do youtube, pra ver o trailer. Tomei sustos com os 2min de trailer. Filme sombrio, do tipo que se eu assistir de noite, vou ficar impressionada. Daí eu fui no imdb e li em detalhes tudo o que acontece. Baixei o filme e passei as cenas. Pra me preparar psicologicamente. Vou assistir nas próximas horas.

Pra conter os estragos, já que, além do fator susto, o filme me pareceu meio desolador, baixei também Will and Grace. Porque Jack e Karen têm o poder de me fazer feliz, e eu já ando suficientemente desolée.

Eu não me lembrava do tanto que gostava de will and grace. Andei olhando umas coisinhas no youtube, tipo o Jack e a Grace fazendo a coreografia de ooops i did it again, ou a karen maltratando a rosario ou tomando seus comprimidos. Meodeos. Como as sitcoms dos anos 90 eram boas. Hoje em dia, o que temos? The Big bang Theory, que é genial, naturalmente, e todo mundo elogiando horrores a How I Met Your Mother, que eu ainda não vi. Há poucos anos, tínhamos Seinfeld, Friends, Will and Grace, That 70's Show.


quarta-feira, 3 de junho de 2009

mais do mesmo

A maior tarefa de todas está sendo parecer blasé. Tem gente que, estando feliz ou triste, você não nota, ninguém percebe. Calma, relaxada, puta, a cara é a mesma. Well. Not me. Se eu estou feliz, eu rio sozinha, tenho os cantos da boca levemente inclinados para cima. Se eu estou triste, não dá pra não notar. Eu abaixo o olhar e fico muda. Eu nunca fico muda, a menos que algo esteja errado. Eu falo pra caralho, eu me meto em conversas paralelas. Menos quando estou aborrecida.

Eu estou aborrecida. Encolhi, fiquei séria. Suspiros longos, menos paciência com a garota de meio metro super ultra feliz e falante que aparece na minha mesa de tempos em tempos pra resolver pendências do projeto. Juro que torço o pescoço dela uma hora dessas. A verdade é que eu preciso começar a parar de mimimi. E voltar a ser quem eu era. Porque essa garota monossilábica e com cara de cachorro abandonado não é nada legal, nada engraçada, e esse tipo de comportamento ainda conta. Se eu quiser voltar para a firrma colorida eventualmente - e eu quero, sabemos disso - eu preciso que a minha passagem por lá seja flawless.
Eu preciso que todos só tenham lembranças boas de mim.

Então, preciso aprender a sofrer com um sorriso nos lábios. Tal qual uma diva.

terça-feira, 2 de junho de 2009

¬¬

Peguei o carro e viajei 340km só pra dormir na minha antiga cama, no meu antigo quarto, na casa dos meus pais. Em posição fetal. Depois voltei pra São Paulo, the show must go on, e coisa e tal.

A firma colorida vai ficando preto e branco. O gerente sem covinhas perdeu a graça, e virou apenas um reclamão. O gerente com covinhas continua bonito acima da média, mas perdeu seu efeito sobre a minha pessoa. As piadas do diretor engraçado estão menos, hum, engraçadas. E repetitivas. O trabalho só complica, as pessoas não colaboram. Gerente de covinhas me chamou pra almoçar hoje. Recusei, delicadamente. Estou imune. I am the master of my domain.

O viado territorialista continua viado e continua territorialista. A menina de cabelos vermelhos apareceu de boina, hoje, o que eu achei bem ridículo. Estava falando disso outro dia. Chapéu, boina e afins exigem uma especialidade, conhecida como savoir porter. Isso mesmo, saber portar. Tem que carregar o accessório, senão fica apenas uma coisa meio ridícula e wannabe.

Tem gente legal surgindo no meio do meu pequeno caos. O japonês querido continua, well, querido. Essa outra menina da equipe, me indicando uma vaga interna que eu nem sabia que existia (e que nem tem a ver com algo que eu queira, efetivamente, fazer. anyway). Outra menina, a de cabelos pretos, me indicando uns contatos de mercado, e sendo fofa tentando me consolar. Um amigo querido criando uma situação só pra que eu conhecesse um cara que trabalha num lugar que é legal, e que pode ser uma opção pra mim. Esse é o tipo de coisa que me enche de esperança no mundo e nas pessoas. Mesmo eu sendo eu.

Junho vai ser um mês comprido. Porque julho está ali, ó, na esquina.